Ambientes empresariais em contêineres atraem empreendedores de Rio Preto

Ambientes empresariais em contêineres atraem empreendedores de Rio Preto

Transformação das estruturas de transporte de cargas em ambientes para empresas atrai empreendedores de Rio Preto focados em sustentabilidade e versatilidade.

Sustentabilidade, versatilidade e a possibilidade de mudar a empresa de lugar são as principais vantagens apontadas por empresários de Rio Preto que escolheram abrir negócios em contêineres, decisão que tem mudado o cenário da cidade. De acordo com Artur Shoiti Santos Takesawa, consultor de negócios do Sebrae, o uso do contêiner está ganhando força aqui no Brasil. “Participei da última NRF, um evento sobre tendências em varejo, inovação e empreendedorismo que ocorre em Nova Iorque há mais de 100 anos, e vi que vários negócios estão sendo lançados em construções secas. Nem sempre contêiner, mas também com barra de ferro, gesso e vidro. Aqui em Rio Preto, os modelos mais utilizados e adequados são os de 12 metros”, diz o consultor.

No final de setembro, Dai Lourenço e Agricio Visona Gaviglia inauguraram sua hamburgueria aqui em Rio Preto. E toda a estrutura foi montada com dois contêineres, divididos em três módulos. “Abrimos nosso negócio em abril de 2020, mas só como delivery. E neste ano resolvemos montar a Good House Burger. Sempre achamos incrível a questão da reutilização do contêiner para a construção civil, tanto pelo lado sustentável, quanto pela estética. Gostamos tanto que um dos nossos módulos tem a pintura original, não modificamos o exterior, apenas o interior”, explica Dai, que comprou e modificou o contêiner de acordo com a necessidade do negócio.

A empresária afirma também que, além da sustentabilidade, pois a construção com contêiner diminui o impacto na natureza, tem o prazo de construção, que é bem menor, além da possibilidade de levar as unidades para outro lugar, caso queira se mudar. “Por outro lado, o espaço é delimitado e a temperatura, mesmo com isolamento térmico, ainda é mais quente do que em uma construção de alvenaria convencional. Outra dificuldade que tivemos foi a aprovação do projeto junto à prefeitura, foi bastante rígido e caro”.

Para quem está pensando em investir em um contêiner para abrir um negócio, outra dica importante é encontrar profissionais que saibam fazer a adequação do módulo. “Acho que o custo mais relevante são os valores dos próprios contêineres, que subiram muito. Orçamos as unidades com várias empresas quando começamos a pensar no projeto. No final de 2020, o contêiner de 20 pés saía a R$ 4,5 mil. Seis meses depois dos orçamentos pagamos R$ 8,5 mil. Hoje, já está por R$ 12,5 mil em média e subindo”.

Ambientes empresariais em contêineres atraem empreendedores de Rio Preto
Ambientes empresariais em contêineres atraem empreendedores de Rio Preto

O consultor do Sebrae também orienta a fazer um orçamento detalhado antes de fechar negócio. “Verifique como será feita a instalação de banheiro, do climatizador, do ar-condicionado. Assim o empresário saberá se vale a pena investir nessa opção. O contêiner, em si, é extremamente adaptável a qualquer situação. Mas é preciso analisar os custos com cuidado. É muito mais fácil você montar uma loja de roupas dentro de um contêiner do que uma cafeteria, uma lanchonete, que devem seguir regras sanitárias, como descarte e condicionamento de alimentos e espaço para refrigeração.

O que às vezes fica caro. Muitos empresários desistiram do contêiner por causa da burocracia”, diz Takesawa.

Regras


A lei 13.709, de janeiro de 2021, disciplina, no capítulo X, a instalação de negócios em contêineres em Rio Preto.

As aprovações passam pela análise de várias secretarias, tais como Vigilância Sanitária (dependendo do uso), Meio Ambiente e secretaria de Trânsito, quando a instalação causar impacto no seu entorno

 

A lei de zoneamento só permite usos comerciais

Os prazos para decisão dos requerimentos por parte do município não devem exceder 90 dias, mas podem ir além em função da complexidade da análise

Antes de se instalar, o interessado deve fazer a consulta prévia de viabilidade no Sistema ICAD (icad.empro.com.br)

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Nesta fase, o pedido é analisado para verificar se a atividade poderá ser exercida no endereço declarado

Deferida a consulta prévia, o interessado poderá dar seguimento e obter a inscrição municipal e alvará de funcionamento

Deve cumprir as posturas municipais, que variam de acordo com a atividade solicitada. Exemplo: Vigilância Sanitária, Acessibilidade, Meio Ambiente, Trânsito, Alvará Corpo de Bombeiros, entre outros

Antes de se instalar o interessado deve consulta à Secretaria de Obras, que possui legislação específica para a instalação do equipamento

Ambientes empresariais em contêineres atraem empreendedores de Rio Preto
Ambientes empresariais em contêineres atraem empreendedores de Rio Preto

 

Taxas de abertura

Licença de funcionamento: R$ 1,2592 (em média) por metro quadrado da área utilizada

Localização: até um empregado R$ 125,92, de 2 a 5 empregados R$ 251,84

Publicidade luminosa: R$ 18,88 o m²

Publicidade Não Luminosa: R$ 12,60 o m²

Decisão aliada a conceito

Quando pensou em criar sua marca de roupas e acessórios, Camila Domingues Tolentino tinha o desejo de aliar o conceito ecológico e sustentável ao espaço onde iria funcionar. “Por isso escolhi o contêiner, considerado muitas vezes uma ‘sucata’. Reaproveitar ele é algo muito importante, sem falar o estilo único que ele proporciona para qualquer negócio.

Por ser bom para o meio ambiente, as pessoas sempre vão olhar com um carinho especial. Além disso, a loja hoje tem um visual autêntico e único, tornando a experiência do cliente incrível. Outra vantagem é que ainda posso levá-la para onde quiser”,afirma Camila. A loja funciona em um parque em Rio Preto que reúne outras lojas, restaurantes e cafés em contêineres, o Eko Business Park.

A empresária revela que o maior desafio foi encontrar prestadores de serviço com experiência. “Tive de fazer muitas adaptações, como, por exemplo, a fixação de araras para exposição de confecção, reforço na parte de madeira (que tende a ceder devido à temperatura), aplicação de manta e pintura térmica, instalação de dois ares-condicionados, ajustes nas paredes metálicas a fim de evitar entrada de água, colocação de plantas trepadeiras para que ajudem no controle da temperatura, entre outras”, revela.

A aparência externa é outro aspecto importante ao planejar um negócio no contêiner. É preciso lembrar que toda a comunicação visual interna e externa deve fazer sentido para o negócio e para o público que se deseja conquistar. (MMM)

Verificar legislação é importante


Antes de investir em um contêiner para montar um negócio, o ideal é, em primeiro lugar, verificar se a prefeitura da cidade não vai criar impeditivos. “Vários empresários tiveram dificuldades para conseguir alvará de funcionamento de contêiner no passado, pois não havia uma legislação municipal específica. Houve uma adequação, mas ainda assim, muitos empresários nos relatam que a análise é mais criteriosa do que em um prédio comum”, diz Artur Shoiti Santos Takesawa, consultor de negócios do Sebrae .

Em Rio Preto, as aprovações de negócios em contêineres passam pela análise de várias secretarias, tais como Vigilância Sanitária (dependendo do uso), Meio Ambiente e secretaria de Trânsito, quando a instalação causar impacto no seu entorno. Além disso, a lei só permite para uso comercial.

Agilidade

A facilidade na obtenção de ponto comercial em localidades sem ponto disponível e a agilidade na instalação levaram o empresário José Afonso Ribeiro Junior a abrir a primeira unidade da Cacau Show em um contêiner em Rio Preto. “Faço parte de um grupo que possui 11 lojas da Cacau Show, quatro delas em contêineres”, diz.

Apesar da agilidade na instalação, José Afonso revela que a falta de espaço físico para estoque e segurança é um problema. “Neste contêiner não precisamos fazer grande alterações, pois ele já é enviado pela franqueadora. Mas em outros, houve a necessidade de nivelamento de solo, ligação de água e esgoto. Para deixar pronto, com capital de giro, estimamos o custo em torno de R$ 100 mil”. (MMM)

Michelle Montemor – Diário da Região