A felicidade no trabalho: “Um investimento estratégico para empresas e funcionários”, explica a especialista Chirles de Oliveira

Promover a felicidade no ambiente de trabalho deixou de ser um luxo para se tornar uma necessidade.
 
Empresas que investem no bem-estar dos colaboradores colhem benefícios diretos, como maior produtividade, inovação e retenção de talentos.
 
A realidade brasileira:
 
Profissionais do Brasil estão 9% mais infelizes do que a média global, segundo a Pluxee e The Happiness Index, 2024. Além disso, o país lidera o índice de rotatividade (turn over) em todo o mundo, com uma taxa de 56% segundo a Robert Half, 2022. Além desses dados já alarmantes, temos a questão principal do adoecimento mental dos trabalhadores, em que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de transtorno de ansiedade, e o segundo no de Burnout, perdendo para apenas para o Japão.

Chirles de Oliveira (Foto: Divulgação)


Mas o que faz um funcionário realmente feliz no trabalho?
 
Especialistas apontam que a resposta vai muito além do salário, o quanto a pessoa gosta do que faz e sente que tem propósito em suas ações, quão valiosa são as relações no ambiente de trabalho e quão seguras elas se sentem para ter conversas assertivas e até difíceis, e se autônomas e autorresponsáveis pela sua qualidade de vida, apesar das demandas diárias.
 
“Funcionários felizes são mais engajados, criativos e produtivos. O bem-estar corporativo não é apenas um diferencial competitivo, mas uma necessidade para empresas que desejam crescer de forma sustentável”, afirma Chirles de Oliveira, especialista em felicidade corporativa.
 
 
O impacto da felicidade no desempenho
 
Pesquisas apontam que colaboradores felizes podem ser até 31% mais produtivos e gerar 37% mais vendas, segundo um estudo da Universidade da Califórnia. Além disso, um levantamento da Gallup revelou que empresas com altos índices de bem-estar têm 23% mais lucratividade e 78% menos absenteísmo.
 
Para Chirles de Oliveira, a chave está em criar um ambiente onde os funcionários se sintam valorizados.
 
“As empresas precisam investir em reconhecimento, cultura organizacional positiva e oportunidades de desenvolvimento, além de promover alinhamento entre os propósitos organizacionais e pessoais. É um ciclo: quanto mais feliz o colaborador, melhor ele entrega seu trabalho. No fundo, alta performance não é sobre trabalhar mais e sim melhor”, explica ela.
 
Legislação e bem-estar corporativo:
 
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece direitos que impactam diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores, como jornada de trabalho adequada e intervalos obrigatórios.
 
Além disso, a Norma Regulamentadora  Nº 1 (NR-1) foi atualizada e trará mudanças significativas a partir de maio de 2025. Essa norma, que trata de disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, agora inclui a gestão de riscos psicossociais. Isso significa que as empresas precisarão identificar e gerenciar fatores que possam impactar a saúde mental dos trabalhadores, como estresse, assédio moral e sobrecarga de trabalho.
 
“A nova versão exige que as empresas mantenham registros detalhados sobre como estão lidando com esses riscos e implementem medidas preventivas para garantir um ambiente de trabalho mais saudável. O descumprimento pode resultar em penalidades administrativas e até criminais. Ainda que não haja uma lei específica para a felicidade no trabalho, empresas que promovem qualidade de vida ganham vantagem competitiva. O investimento em bem-estar reduz afastamentos por doenças ocupacionais e melhora o clima organizacional”, destaca Chirles.
 
Como promover a felicidade no trabalho?
 
Especialistas apontam algumas estratégias para construir um ambiente corporativo mais feliz e produtivo:
✔ Cultura positiva: Empresas devem incentivar um ambiente de respeito, colaboração, reconhecimento, autonomia, pertencimento.
✔ Desenvolvimento profissional: Oferecer treinamentos e oportunidades de crescimento, ter plano de carreira claro.
✔ Flexibilidade: Modelos de trabalho híbridos ou home office podem melhorar a qualidade de vida dos funcionários, dependendo da função.
✔ Valorização e reconhecimento: Pequenos gestos como elogios, rituais de gratidão e generosidade, cordialidade aumentam a motivação interna, enquanto que bonificações são motivações externas.
✔ Saúde mental em foco: Programas de suporte psicológico, pausas estratégicas e práticas de mindfulness, promover o manejo das emoções ativando a empatia e o respeito mútuo,  cultura da escuta ativa e do cuidado (autocuidado também), se permitir ter um sono restaurador, alimentação equilibrada e movimento do corpo para se ter uma saúde integral.
 
Felicidade como compromisso global
 
A Organização das Nações Unidas (ONU) também destaca a importância da felicidade e do bem-estar como fatores essenciais para o desenvolvimento sustentável.
 
“Promover a igualdade, a justiça social e a sustentabilidade são passos fundamentais para garantir o bem-estar de todos”, aponta um relatório da entidade.
 
Cada vez mais, empresas que adotam essas práticas não apenas melhoram a satisfação interna, mas também fortalecem sua reputação e atraem talentos alinhados com essa visão.
 
“Investir na felicidade dos funcionários é uma decisão estratégica. As empresas que compreendem isso não apenas aumentam sua produtividade e inovação, mas também criam um ambiente mais humano e sustentável. No fim das contas, um colaborador feliz não é apenas um benefício para a empresa, é um reflexo de uma sociedade mais equilibrada e próspera”, finaliza Chirles de Oliveira, CEO da Virada da Felicidade (evento anual).
 
AF Conexão – jornalista responsável: Andrea Feliconio.
andreafeliconio@gmail.com